quarta-feira, 21 de setembro de 2011

"Especial pra Você"


Ontem, enquanto zapeava em busca de algo que me chamasse atenção, encontrei o filme “Idas e Vindas do Amor” começando na HBO. Apesar da impressão de que eu já tinha assistido, achei que era a melhor opção da TV a cabo naquela hora da madrugada.

Para quem ainda não teve oportunidade de curtir o filme, fica a dica. Trata-se de uma comédia romântica que traz, entre outros atores, as estrelas Jennifer Garner, Asthon Kutcher, Anne Hathaway, Bradley Cooper e Julia Roberts protagonizando histórias de um grupo de habitantes de Los Angeles cujas vidas se cruzam – em meio a romances e corações partidos – no Dia dos Namorados.

Eis que, em determinado momento do filme, uma personagem de cerca de 70 anos chamada Estelle fez valer assisti-lo novamente até o final. Após assumir uma antiga traição para o marido com quem está há cerca de 50 anos dividindo uma vida – seguida de um afastamento compreensível por parte dele, que precisava absorver não só a verdade como também os anos de silêncio –, o procura para por um fim ao conflito.

“Listen to me, I know I let you down - and maybe you don’t think I deserve forgiveness - but you’re gonna give it to me anyway because, when you love someone, you love all of them. That’s the job”. Como se não bastasse, assim que ela o desarma, emenda: “I’m so sorry. And now, please, you’ve got to love everything about them. Not just the good things, but the bad things too. The things that you find lovable and the things that you don’t find lovable”.

Não sei para vocês, mas para mim foi como um soco no rim.

Desde que o meu relacionamento de cinco anos terminou, em outubro do ano passado, eu nunca mais me propus a gostar também do que julgava ser um defeito em alguém. Talvez porque eu ainda não tenha, de verdade, sentido por outra pessoa o que eu sentia pelo meu ex-namorado, mas isso não vem o caso.

O fato é que, se você gosta de uma pessoa, você precisa gostar dela na sua totalidade, incluindo tudo o que você não gosta nela. Parece maluquice, né? Mas se você pensar que uma pessoa é como um pacote de uma semana de férias em algum lugar incrível do planeta, pode fazer algum sentido. A viagem deixou de ser fantástica porque choveu naquele dia? Não. Aliás, a chuva até deu um charme diferente ao lugar, proporcionou outros programas que não estavam no roteiro. Você voltou feliz da vida do mesmo jeito, tenho certeza.

O Marcelo*, meu rolinho, não é o cara mais lindo do mundo, mas ele certamente é um dos mais divertidos e compensa qualquer barriguinha saliente; meu pai vive implicando comigo e nem por isso deixa de ser o meu herói, a pessoa em quem eu me inspiro; meu melhor amigo é um galinha de carteirinha, mas nunca me deixou na mão quando eu precisei dele em momentos difíceis pelos quais passei; meu chefe é completamente genioso, e mesmo assim é um gênio, um profissional a ser admirado.

Se eu tirasse a barriguinha do Marcelo*, a implicância do meu pai, a sem-vergonhice do meu melhor amigo e o temperamento do meu chefe, não faço idéia de como eles seriam, só sei que não seriam mais eles mesmos. Porque o que faz uma pessoa ser o que ela é são justamente as suas idiossincrasias, suas particularidades.

Vejo frequentemente os internautas escrevendo o seguinte nas redes sociais: “Quem gosta de ti não te modifica, te completa”. Tirando que eu trocaria o “completa” por “acrescenta”, concordo com a frase. Porém, enquanto isso, esses mesmos internautas (e isso me inclui, admito) não tem agido dessa forma.

Aliás, se você quer saber, não se comportam assim nem para pedir um sanduíche no drive-thru no McDonald’s – o que é bem mais simples, convenhamos. Um não quer o picles, o outro pede sem cebola. Todos optam por um lanche “especial para você”. Do mesmo modo, percebo que essa gente toda procura alguém “especial”, mas tem dificuldade de aceitar os ingredientes que fazem parte do “pacote pessoal” de cada um.

Eu, por exemplo, sou totalmente coração. Quando alguém diz que eu devo ser menos emocional, que não posso me expor tanto, que preciso ter cautela, essa pessoa acaba também fazendo com que eu perca uma das características que mais admiro em mim: a minha naturalidade. Ou seja, deixo de ser eu. Passo a pensar em como devo agir, no que devo falar, em qual seria o comportamento ideal, quais características naturais minhas devo abafar e quais eu devo evidenciar para que sejam logo percebidas e aprovadas.

Dois hambúrgueres, alface, queijo, molho especial, cebola e picles em um pão com gergelim é Big Mac. Uma combinação exata de sabores. Qualquer ingrediente a menos muda o sabor, a textura, o aroma. Resumindo: muda o sanduíche inteiro.

Se alguém não gosta de Big Mac, que opte por um Quarteirão, ou um Mc Chicken, então. Opções é o que não faltam. Para mim, tentar adaptar uma pessoa ao seu gosto – eliminando o que é considerado um “defeito” nela – é um dos maiores sinais de egoísmo que qualquer um pode manifestar. Significa tolher, excluir, eliminar características importantes que compõem um indivíduo e que o diferem de todos os demais, que realmente o tornam especial – se não para você, certamente para outros.

Porém, como eu disse antes (ao mencionar a frase que tem feito sucesso entre os internautas) sou a favor de acrescentar, somar, agregar. Pediu um Big Mac e acha que ele vai ficar muito mais saboroso com mostarda? Vá em frente. Conheceu um cara interessante, mas acha que ele anda acomodado? Pense em programas bacanas para os dois e o convide. Talvez ele se motive. Conheceu uma garota maravilhosa, mas acha que anda entediada? Estimule-a a fazer coisas que lhe dão prazer, incentive-a a viver.

Agora, por favor, tenha sempre em mente que haverá dias em que ela não vai estar pra festa e ele só sairá de casa pra dar uma volta na quadra com o cachorro, assim como haverá dias em que meu coração irá me entregar, em que meu pai implicará com a saia que eu vestir, em que meu melhor amigo simplesmente não irá me atender porque estará ocupado com alguma mulher, em que meu chefe me dará um sermão qualquer sem nem pensar.

As pessoas, assim como os sanduíches, tem picles, cebola e maionese. A diferença é que você não pode tirar.


*Troquei o nome do rolinho pra preservar aquele guri safado que não vale nada :P

segunda-feira, 19 de setembro de 2011


Hoje eu senti saudade, eu me lembrei de você, te quis por perto.
Senti saudade não do que éramos, nem do que poderíamos ter sido, nada tão nostalgico ou dramático.
Não senti saudade da expectativa, porque nunca as tive com você e acho que é por isso que você ainda está em mim. Nem do seu olhar em mim como se eu fosse tudo que você queria, nem dos seus dedos na minha nuca, muito menos do jeito que você me puxava ou dizia as coisas, daquele seu jeito que eu nunca consegui decifrar ou descrever.
Eu não sinto saudade das mão dadas, dos beijos intermináveis, das vontades de te ver totalmente recíprocas; nem das discussões caladas, das desculpas por olhares, da angústia que já tive.
Não era saudade dos nossos olhares quando não podíamos, nem do dia em que você não se controlou e demonstrou carinho.
Também nem me lembrei do que eu poderia ter sido se nada tivesse acontecido...
Eu senti saudades de nós, de você e só, sem limitações ou descrições.
Por que pra mim o "nós" que talvez nem chegou a existir pra você ainda está aqui, e eu sinto saudades... simples assim.

Texto criado pela minha amiga @Semaspas que, despretensiosa, me mandou em um bloco de notas "para eu dar uma olhada". Preciso dizer que eu amei?

sexta-feira, 16 de setembro de 2011


Uma vez li uma coluna da Martha Medeiros chamada “A Tristeza Permitida”, que falava basicamente o seguinte: as pessoas não aceitam mais que alguém esteja triste e logo começam a exigir dela animação, mas esquecem que o sentimento de tristeza é tão legítimo quanto o de felicidade, ansiedade, plenitude e o de vazio, por exemplo - e será vivenciado até que se esgote.

Concordo com a Martha e ainda quero acrescentar: hoje, o erro também não é permitido. Todo mundo se cobra demais, exige de si mesmo - e de todos os outros com os quais se relacionam - a perfeição, os acertos constantes, a atenção total aos pequenos detalhes. Não se pode mais falhar. Errar já não é humano.

E ai de quem cometer algum deslize. Certamente, vai pagar por isso de alguma forma. Prometeu ligar, mas teve um dia corrido e deixou passar? Ah, então da próxima vez ela não vai lhe atender, “você vai ver só”; quis se fazer de mulher difícil pra se valorizar? Azar o teu, amiga, “a fila anda” e ele já está de olho na próxima. Atrasou a entrega do relatório em 5 minutos porque o servidor da empresa caiu e você não tinha como acessar? Prepare-se para o sermão do chefe. E se inventar de retrucar, pode começar a juntar as suas coisas e passar no RH. Você está demitido.

Aí é que eu entro em cena pra lutar pelo nosso direito de eventualmente fazer alguma besteira. Como diz a minha amiga @Semaspas: “Só não tropeça quem não sai do lugar”. Por que tanta intolerância, meu Deus? “Tá, errei, assumo. ME DESCULPA.” não é mais suficiente. Nem se acompanhado da promessa de que não irá acontecer de novo.

Tá, e agora, o que se faz, então? Vai crucificar a pessoa, mandar pra guilhotina, pra forca? Então ao menos dê a ela o direito de dizer suas últimas palavras. Tenho certeza de que, no seu discurso final, ela dirá que errou de boa fé, tentando acertar. Irá falar também que nunca quis te prejudicar, que a intenção era blablablá e que busca a redenção. Ela só precisa de mais uma chance.

Se sou eu, paro o filme nessa cena e mudo o final: liberto a pessoa dessa culpa, digo que eu também erro feito doida e que, provavelmente, o meu maior erro é justamente não sair do lugar pra não errar. Quando me sinto muito pressionada, eu travo. Mal consigo respirar. Isso sim é se enforcar.

O que eu quero dizer com tudo isso? A melhor forma de lidar com o erro - seu ou de alguém - é (se) dando uma segunda de mostrar que aprendeu o que é certo e, assim, compensar.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011


“O homem sempre sabe de cara se aquela é uma mulher em quem vale a pena investir. Simples assim. Desculpa a sinceridade, mana, mas ele nunca gostou de ti.”

(Essa foi a frase do meu irmão quando eu contei arrasada do telefonema que eu recebi hoje).

Resumindo: o cara pode dizer que está em outro momento, que recém saiu de um relacionamento e não quer começar outro agora, que é orgulhoso e você fez uma besteira imperdoável. Vai dizer que vocês são incompatíveis mesmo, que você ficou com um amigo dele e nunca mais quer olhar na sua cara, que você é uma “bisca” ou que é especial, que nunca viu mulher igual, mas prefere ser um amigo colorido. Ele vai argumentar por A mais B que é melhor deixar rolar, que não é bom precipitar, que isso só prejudica tudo, que você cria muita expectativa. Ele vai falar isso e muito mais pra não precisar te dizer o que, no fundo, você não quer ouvir: ele não gosta de ti. Pelo menos não o suficiente pra investir.

E se você quer saber, a maioria dos caras vai inventar mil desculpas pra não te magoar, pra poder contar contigo quando precisar, pra te ter na mão quando aquela segunda-feira chuvosa e entediante bater à porta. Verdade nua e crua. Pode apostar.

Para quem ainda tem coragem de continuar lendo, aí vai outra facada: você sabe que não é real, mas vai preferir fechar os olhos e acreditar. Porque, no fundo, ninguém quer ser rejeitada, não se sentir amada, assumir que é qualquer uma, que nem faz falta quando – estrategicamente – resolve sumir por alguns dias. Mas cá entre nós: pensando bem, você também sempre soube que não ia dar em nada. Só não queria enxergar.

Então você levou a situação com a barriga, fingiu deixar pra lá, ignorou as mensagens que ele troca diariamente com as outras gurias na Internet, os bipes no celular. Fez de conta que estava tudo bem, que não se importava com ninguém, que é uma solteira convicta e só queria aproveitar. Bingo. Sendo assim, tudo certo. “Te pego às nove”.

Até o dia em que isso realmente te fizer mal e, na hora de dormir, você se incomodar de acordar depois com um cara que, na noite anterior, parecia te ver como uma Cinderela e, de manhã, vai fazer você se sentir uma abóbora sem sal. Antes de deitar, sem pensar muito, vai pedir: “Fulano-de-tal, me leva pra casa”? Melhor assim. Porque fingir tem limite.

Como ele não gosta de ti, ele vai ficar brabo porque você o fez levantar da cama e se arrumar, mas não vai ficar triste porque o encontro terminou ali, ou melhor, porque o rolo chegou ao fim. Como assim “o rolo chegou ao fim”? Vou explicar: você realmente acha que esse sujeito vai voltar a te procurar depois disso? Na na ni na não. Pode esquecer. Ele tem mais com o que se preocupar.

Mil coisas vão passar pela sua cabeça nessa hora: que você não deveria ter agido daquela forma, que foi infantil, imatura; vai querer voltar no tempo, dizer pra ele que agiu de cabeça quente, que iria com ele pra qualquer lugar, até pra “Ondonésia”. Suas amigas vão te proibir de correr atrás, porque, afinal, “você não fez nada de mais” e “não é tão grave assim pra ele parar de falar contigo”. Vão reforçar o quanto você é sensacional, o quanto merece um cara incrível e que você não deve procurar. “Tarde demais. Mandei uma mensagem de madrugada. E agora?”.

Bom, agora é esperar. De novo. Como sempre. Afinal, é uma droga assumir, mas quem sempre deu as cartas foi ele, né?

Uma semana depois, o telefone irá tocar. É aquele-que-não-se-deve-falar-o-nome. Ligou pra te libertar. Dizer que tudo o que você pensava estava certo, que não gosta mesmo de ti, mas adoraria ser teu amigo, “se você não se importar”. Diplomático até para te dar um pé na bunda.

Óbvio que nessa hora você vai ter vontade de chorar, de fugir pra Júpiter, de perguntar o motivo – afinal, todo mundo te acha tão legal – de mandar catar coquinho na esquina e perguntar por que ele alimentou isso durante tanto tempo se, desde o início, sabia que, dali, nunca iria começar uma relação. Mas você engole o choro e diz que foi bom ele ter falado tudo isso, que agora você pode optar entre continuar ficando com ele sabendo que você e só mais uma – e se machucar, ou não ficar mais com o cara que você gosta – e se machucar também. Escolha difícil.

Você vai desligar o celular se questionando o que deu errado, o que poderia ter feito de diferente, o que faltou ou no que extrapolou a dose. Eu te respondo: nada. Você foi você mesma, transparente e corajosa. Falou o que pensava, procurou quando achou que estava errada, se propôs a consertar. Mais uma vez provou ser uma mulher de valor. Ele é que não consegue te enxergar.

Quer saber? Se fosse comigo, eu faria tudo igual. Só não insistiria depois disso. Caso encerrado. Ponto final.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011


"Ninguém ama outra pessoa pelas qualidades que ela tem. (...) O amor não é chegado a fazer contas, não obedece a razão. O verdadeiro amor acontece por empatia, por magnetismo.
(...) Ama-se pelo cheiro, pelo mistério, pela paz que o outro lhe dá, ou pelo tormento que provoca. Ama-se pelo tom de voz, pela maneira que os olhos piscam, pela fragilidade que se revela quando menos se espera".

Ontem, antes de dormir, peguei uns livros da estante para reler algumas crônicas. Enquanto isso, na minha cabeça, uma pergunta martelava insistentemente: "Por que isso é assim?". Uma hora e meia depois, encontrei esse trecho acima e só então - ainda desconfortável, mas conformada -, consegui relaxar e dormir.

Para vocês entenderem melhor a situação e eu não divagar sozinha aqui: eu gosto de um cara que não tem nada a ver comigo.

Gosto de sertanejo e samba, ele curte música eletrônica e Chiclete com Banana. Bebe vodka com energético na balada, e eu fico com a cerveja. É gremista, e eu, colorada de carteirinha. É totalmente Apple fan, e eu ainda uso um mp3 chinês descartável que comprei há anos no Mercado Livre. Ele adora a função de ir pra Santa Catarina nos feriados, e tudo o que eu quero é reunir minha família e alguns amigos mais chegados pra fazer um churrasco.

Ah, sim, temos uma coisa em comum: nós adoramos chocolate...só que eu prefiro o branco, ele gosta do preto. Também gostamos de esportes, é verdade, mas ele gosta de levantar peso na academia pra ficar sarado, e eu prefiro correr ao livre pra desopilar.

De comum mesmo, acho que só nos resta o orgulho... Mesmo assim eu sempre abro mão do meu pra tentar resolver os desentendimentos. Ele, nunca.

Resultado: compatibilidade zero.

Ou seja, eu teria todos os motivos do mundo pra nunca nem reparar na existência desse sujeito, mas a verdade é que esse cara provoca um tsunami em mim.

Ele tem um cheiro que me tira do eixo e um sorriso que me deixa bamba. Tem um beijo macio, um abraço que encaixa, um olhar desconcertante que desarma.

Gosto do jeito que ele se veste, da tatuagem discreta, de como ele fica com cachecol e óculos de sol. Adoro que ele não tem frescura, mas é um homem sensível; que não me ignora, mas também não enche a minha bola; que quer conquistar o mundo, mas me prometeu a Itália.

É incrível como eu gosto de tudo nele: das mãos grandes, dos pés bem cuidados, das veias salientes nos braços, das sardas nos ombros, do cabelo bagunçado; gosto que me ouve com atenção, que coloca a mão na minha perna enquanto dirige, que sempre me elogia e soa sincero. Adoro quando me pega com gana, mas também com cuidado pra não me machucar, quando diz coisas no meu ouvido e faz eu ficar toda arrepiada.

Não adianta: sempre fico boba antes, durante e depois de a gente se encontrar.

É engraçado - e chega a ser ridículo - , porque ele tira totalmente o meu norte e, quando vejo, faço coisas que eu nunca imaginaria.

E é justamente aí que mora o perigo: eu sempre passo do limite. Revelo sentimentos que eu deveria preservar, me antecipo quando o certo seria esperar, mas o pior: me dou conta de que perco o chão quando estamos juntos e, na ânsia de tentar me controlar, faço uma bobagem atrás da outra.

Não sei gostar dele mais ou menos. Não consigo demonstrar mais ou menos.

Sei que somos incompatíveis, que ele é uma fantasia, que não consegue me enxergar; também sei que eu tenho mil motivos pra cair fora porque ele é confuso e eu não sou especial, porque ele tem mil rolinhos e acha tudo natural, porque a gente não consegue ficar mais de 5 dias sem brigar e menos de 15 sem voltar a conversar depois da discussão.

Tenho certeza de que preciso largar de mão pra não me machucar, de que nosso rolo é mais fluido que o ar, de que não passamos de noites pouco e mal dormidas. Já sei que preciso desistir porque ele não é o cara certo, por que os astros não favorecem, porque tem outra pessoa na história, porque a hora não é agora, porque não é o destino, porque que eu tenho que me valorizar.

Eu sei que está tudo errado, mas a verdade é que, se o errado pra mim é certo, por mais que eu me importe, no fim eu me entrego.

Por que isso é assim?

terça-feira, 6 de setembro de 2011


Estou com um problema sério: eu não consigo ir para o Rio.

Vocês devem estar pensando que isso não é um problema, mas pra uma pessoa apaixonada pela cidade desde o primeiro dia em que a conheceu e que sonhou durante anos morar lá (e realizou esse sonho durante 4 anos), acreditem: é muito grave.

Então tenho passado os últimos meses com vontade de ir, mas sem coragem.

Tenho saudade dos amigos, do astral de domingo. Saudade da vista da minha janela, do andar descompromissado dos turistas, do sanduíche do Cervantes com queijo e abacaxi.

Sinto falta de biscoito Globo e mate latão. Saudade do chorinho, do samba, do malandro; saudade de ir pro trabalho de short jeans e All Star, de estender o almoço com uma caipirinha à beira-mar, de viver o momento, aplaudir o pôr-do-sol do Arpoador, de me entregar.

Sinto falta de andar de patins no calçadão, de poder pegar praia (quase) o ano todo porque é (quase) sempre verão. Saudade do calor - o humano.

Saudade de ir aos jogos do Inter no Maracanã, mas também torcer pro Fluzão; saudade do bairro das Laranjeiras (dos meus colegas de trabalho ), do visual da Lagoa, do clima de novela de Manoel Carlos no Leblon....

Sinto falta de tudo isso mas, por outro lado, também sinto que ainda é cedo. Não estou preparada. A verdade? É que morro de medo.

Medo de chegar lá e travar, de não conseguir olhar pra janela do apartamento onde eu morava sem desabar, de visitar a agência e não me enturmar, de me arrepender de ter feito as malas pra voltar, de querer ficar e até de nem conseguir sair do avião e ir parar na próxima escala, com destino ao Piauí. Medo de não conseguir curtir tudo o que hoje me faz sentir saudade e entrar literalmente em uma bad trip.

Além de tudo isso, tenho medo de encontrar meu ex e não saber como agir, o que falar, de perder a naturalidade, o tino, de desandar, fazer bobagem. Medo de me certificar de que ele ainda é o homem mais incrível que eu já conheci e de que eu fui uma burra por ter deixado o nosso relacionamento chegar onde chegou e terminar como terminou.

Medo de me dar conta de que eu tinha tudo aquilo - o Rio, os amigos, o melhor namorado do mundo - e, por não saber administrar, eu deixei escapar.

Como é difícil encarar a verdade.
Resolvi escrever pra valer, mas já antecipo: não tenho talento.

Então não esperem textos elaborados com vocabulário rebuscado.

Decidi criar o blog para dividir experiências e pensamentos que não se resumem em 140 caracteres.

Como sempre, preciso de mais: mais caracteres, mais espaço, mais "papel" para tentar organizar os meus conflitos internos e contradições.

Cansei de me podar, de me tolher. Não estou cabendo em mim.

Preciso de ar.

Vim aqui me expandir pra não me afogar.