sexta-feira, 16 de setembro de 2011


Uma vez li uma coluna da Martha Medeiros chamada “A Tristeza Permitida”, que falava basicamente o seguinte: as pessoas não aceitam mais que alguém esteja triste e logo começam a exigir dela animação, mas esquecem que o sentimento de tristeza é tão legítimo quanto o de felicidade, ansiedade, plenitude e o de vazio, por exemplo - e será vivenciado até que se esgote.

Concordo com a Martha e ainda quero acrescentar: hoje, o erro também não é permitido. Todo mundo se cobra demais, exige de si mesmo - e de todos os outros com os quais se relacionam - a perfeição, os acertos constantes, a atenção total aos pequenos detalhes. Não se pode mais falhar. Errar já não é humano.

E ai de quem cometer algum deslize. Certamente, vai pagar por isso de alguma forma. Prometeu ligar, mas teve um dia corrido e deixou passar? Ah, então da próxima vez ela não vai lhe atender, “você vai ver só”; quis se fazer de mulher difícil pra se valorizar? Azar o teu, amiga, “a fila anda” e ele já está de olho na próxima. Atrasou a entrega do relatório em 5 minutos porque o servidor da empresa caiu e você não tinha como acessar? Prepare-se para o sermão do chefe. E se inventar de retrucar, pode começar a juntar as suas coisas e passar no RH. Você está demitido.

Aí é que eu entro em cena pra lutar pelo nosso direito de eventualmente fazer alguma besteira. Como diz a minha amiga @Semaspas: “Só não tropeça quem não sai do lugar”. Por que tanta intolerância, meu Deus? “Tá, errei, assumo. ME DESCULPA.” não é mais suficiente. Nem se acompanhado da promessa de que não irá acontecer de novo.

Tá, e agora, o que se faz, então? Vai crucificar a pessoa, mandar pra guilhotina, pra forca? Então ao menos dê a ela o direito de dizer suas últimas palavras. Tenho certeza de que, no seu discurso final, ela dirá que errou de boa fé, tentando acertar. Irá falar também que nunca quis te prejudicar, que a intenção era blablablá e que busca a redenção. Ela só precisa de mais uma chance.

Se sou eu, paro o filme nessa cena e mudo o final: liberto a pessoa dessa culpa, digo que eu também erro feito doida e que, provavelmente, o meu maior erro é justamente não sair do lugar pra não errar. Quando me sinto muito pressionada, eu travo. Mal consigo respirar. Isso sim é se enforcar.

O que eu quero dizer com tudo isso? A melhor forma de lidar com o erro - seu ou de alguém - é (se) dando uma segunda de mostrar que aprendeu o que é certo e, assim, compensar.

2 comentários:

  1. Quem nunca errou na vida? Eu simplesmente duvidaria se alguém me falasse que nunca cometeu um erro, porque errar é humano, e aprender com o próprio erro é mais humano ainda!
    Tantas pessoas julgam umas as outras pelos erros cometidos.. mais nenhuma delas sabem o que se passou na cabeça da outra quando cometeu o erro!
    Errar todo mundo erra.. mais o que poucos fazem é assumir o erro, e tentar aprender com ele!

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  2. Eu tenho certeza de que ainda vou cometer vááários! Acho que escrevi o texto justamente pra condicionar as pessoas a me desuclparem quando isso acontecer. Hehehee :P

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