quarta-feira, 7 de setembro de 2011


"Ninguém ama outra pessoa pelas qualidades que ela tem. (...) O amor não é chegado a fazer contas, não obedece a razão. O verdadeiro amor acontece por empatia, por magnetismo.
(...) Ama-se pelo cheiro, pelo mistério, pela paz que o outro lhe dá, ou pelo tormento que provoca. Ama-se pelo tom de voz, pela maneira que os olhos piscam, pela fragilidade que se revela quando menos se espera".

Ontem, antes de dormir, peguei uns livros da estante para reler algumas crônicas. Enquanto isso, na minha cabeça, uma pergunta martelava insistentemente: "Por que isso é assim?". Uma hora e meia depois, encontrei esse trecho acima e só então - ainda desconfortável, mas conformada -, consegui relaxar e dormir.

Para vocês entenderem melhor a situação e eu não divagar sozinha aqui: eu gosto de um cara que não tem nada a ver comigo.

Gosto de sertanejo e samba, ele curte música eletrônica e Chiclete com Banana. Bebe vodka com energético na balada, e eu fico com a cerveja. É gremista, e eu, colorada de carteirinha. É totalmente Apple fan, e eu ainda uso um mp3 chinês descartável que comprei há anos no Mercado Livre. Ele adora a função de ir pra Santa Catarina nos feriados, e tudo o que eu quero é reunir minha família e alguns amigos mais chegados pra fazer um churrasco.

Ah, sim, temos uma coisa em comum: nós adoramos chocolate...só que eu prefiro o branco, ele gosta do preto. Também gostamos de esportes, é verdade, mas ele gosta de levantar peso na academia pra ficar sarado, e eu prefiro correr ao livre pra desopilar.

De comum mesmo, acho que só nos resta o orgulho... Mesmo assim eu sempre abro mão do meu pra tentar resolver os desentendimentos. Ele, nunca.

Resultado: compatibilidade zero.

Ou seja, eu teria todos os motivos do mundo pra nunca nem reparar na existência desse sujeito, mas a verdade é que esse cara provoca um tsunami em mim.

Ele tem um cheiro que me tira do eixo e um sorriso que me deixa bamba. Tem um beijo macio, um abraço que encaixa, um olhar desconcertante que desarma.

Gosto do jeito que ele se veste, da tatuagem discreta, de como ele fica com cachecol e óculos de sol. Adoro que ele não tem frescura, mas é um homem sensível; que não me ignora, mas também não enche a minha bola; que quer conquistar o mundo, mas me prometeu a Itália.

É incrível como eu gosto de tudo nele: das mãos grandes, dos pés bem cuidados, das veias salientes nos braços, das sardas nos ombros, do cabelo bagunçado; gosto que me ouve com atenção, que coloca a mão na minha perna enquanto dirige, que sempre me elogia e soa sincero. Adoro quando me pega com gana, mas também com cuidado pra não me machucar, quando diz coisas no meu ouvido e faz eu ficar toda arrepiada.

Não adianta: sempre fico boba antes, durante e depois de a gente se encontrar.

É engraçado - e chega a ser ridículo - , porque ele tira totalmente o meu norte e, quando vejo, faço coisas que eu nunca imaginaria.

E é justamente aí que mora o perigo: eu sempre passo do limite. Revelo sentimentos que eu deveria preservar, me antecipo quando o certo seria esperar, mas o pior: me dou conta de que perco o chão quando estamos juntos e, na ânsia de tentar me controlar, faço uma bobagem atrás da outra.

Não sei gostar dele mais ou menos. Não consigo demonstrar mais ou menos.

Sei que somos incompatíveis, que ele é uma fantasia, que não consegue me enxergar; também sei que eu tenho mil motivos pra cair fora porque ele é confuso e eu não sou especial, porque ele tem mil rolinhos e acha tudo natural, porque a gente não consegue ficar mais de 5 dias sem brigar e menos de 15 sem voltar a conversar depois da discussão.

Tenho certeza de que preciso largar de mão pra não me machucar, de que nosso rolo é mais fluido que o ar, de que não passamos de noites pouco e mal dormidas. Já sei que preciso desistir porque ele não é o cara certo, por que os astros não favorecem, porque tem outra pessoa na história, porque a hora não é agora, porque não é o destino, porque que eu tenho que me valorizar.

Eu sei que está tudo errado, mas a verdade é que, se o errado pra mim é certo, por mais que eu me importe, no fim eu me entrego.

Por que isso é assim?

3 comentários:

  1. Eu tenho um desses também, Ni. A sensação de pensar que seria tudo tão maravilhoso se houvesse compatibilidade e não poder fazer nada...De reparar em cada detalhe nele e ele não me dar o devido valor. O desespero em imaginar se alguém algum dia fará eu me sentir tão viva quanto quando estou com ele!
    Enfim, não sei como te falar uma palavra de conforto nesse momento. Só saiba que tu não é a única que passa por isso e que está acontecendo somente para o teu crescimento como ser humano, como mulher. Espero que um dia fique somente o sentimento de carinho que tu tem por ele e que tu consiga te apaixonar como jamais imaginou.
    Um beijo!

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  2. Acho que toda mulher tem ou teve um desses. Tem um cara que me deixa assim, alguém que minhas amigas que conhecem a mais tempo dizem que não vale nada, que é cafajeste de carteirinha e sei que é verdade.

    Mas sei também que quando ele me abraça me sinto segura e confortável, que o beijo dele me faz flutuar e que se ele REALMENTE me notasse o mundo seria pura poesia. Só que a indiferença dele me faz sofrer, me magoa e me deixa ansiosa.

    Por que isso é assim? Não sei, talvez nós simplesmente gostemos de desafios, talvez não nos valorizemos o suficiente, talvez 1.000.000 de outras de coisas, o que sei é não dá pra mandar o coração enxergar as coisas da forma lógica como faz o cérebro, então te pergunto: pra ti, vale a pena viver nessa montanha russa de sentimentos?

    Se a resposta for sim, liga o foda-se, investe porque acho que tu tem todas as chances de fazer ele te notar (é a impressão que tenho pelo teus twits). Se a resposta for não ou talvez, se afasta, mesmo que doa, porque é o melhor pra ti e para uma pessoa teu bem estar tem que ser prioritário: pra ti mesma.

    Mas é fácil falar, né?! Então, boa sorte seja seguindo o certo-certo ou o certo-errado.

    Beijo

    P.S.: desculpa, me empolguei e acabei escrevendo demais e adoro teus twits =)

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  3. Tô amando os comentários, mas acho mesmo que tudo o que eu tinha pra falar sobre isso já tá no post, né? :)

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