segunda-feira, 12 de setembro de 2011


“O homem sempre sabe de cara se aquela é uma mulher em quem vale a pena investir. Simples assim. Desculpa a sinceridade, mana, mas ele nunca gostou de ti.”

(Essa foi a frase do meu irmão quando eu contei arrasada do telefonema que eu recebi hoje).

Resumindo: o cara pode dizer que está em outro momento, que recém saiu de um relacionamento e não quer começar outro agora, que é orgulhoso e você fez uma besteira imperdoável. Vai dizer que vocês são incompatíveis mesmo, que você ficou com um amigo dele e nunca mais quer olhar na sua cara, que você é uma “bisca” ou que é especial, que nunca viu mulher igual, mas prefere ser um amigo colorido. Ele vai argumentar por A mais B que é melhor deixar rolar, que não é bom precipitar, que isso só prejudica tudo, que você cria muita expectativa. Ele vai falar isso e muito mais pra não precisar te dizer o que, no fundo, você não quer ouvir: ele não gosta de ti. Pelo menos não o suficiente pra investir.

E se você quer saber, a maioria dos caras vai inventar mil desculpas pra não te magoar, pra poder contar contigo quando precisar, pra te ter na mão quando aquela segunda-feira chuvosa e entediante bater à porta. Verdade nua e crua. Pode apostar.

Para quem ainda tem coragem de continuar lendo, aí vai outra facada: você sabe que não é real, mas vai preferir fechar os olhos e acreditar. Porque, no fundo, ninguém quer ser rejeitada, não se sentir amada, assumir que é qualquer uma, que nem faz falta quando – estrategicamente – resolve sumir por alguns dias. Mas cá entre nós: pensando bem, você também sempre soube que não ia dar em nada. Só não queria enxergar.

Então você levou a situação com a barriga, fingiu deixar pra lá, ignorou as mensagens que ele troca diariamente com as outras gurias na Internet, os bipes no celular. Fez de conta que estava tudo bem, que não se importava com ninguém, que é uma solteira convicta e só queria aproveitar. Bingo. Sendo assim, tudo certo. “Te pego às nove”.

Até o dia em que isso realmente te fizer mal e, na hora de dormir, você se incomodar de acordar depois com um cara que, na noite anterior, parecia te ver como uma Cinderela e, de manhã, vai fazer você se sentir uma abóbora sem sal. Antes de deitar, sem pensar muito, vai pedir: “Fulano-de-tal, me leva pra casa”? Melhor assim. Porque fingir tem limite.

Como ele não gosta de ti, ele vai ficar brabo porque você o fez levantar da cama e se arrumar, mas não vai ficar triste porque o encontro terminou ali, ou melhor, porque o rolo chegou ao fim. Como assim “o rolo chegou ao fim”? Vou explicar: você realmente acha que esse sujeito vai voltar a te procurar depois disso? Na na ni na não. Pode esquecer. Ele tem mais com o que se preocupar.

Mil coisas vão passar pela sua cabeça nessa hora: que você não deveria ter agido daquela forma, que foi infantil, imatura; vai querer voltar no tempo, dizer pra ele que agiu de cabeça quente, que iria com ele pra qualquer lugar, até pra “Ondonésia”. Suas amigas vão te proibir de correr atrás, porque, afinal, “você não fez nada de mais” e “não é tão grave assim pra ele parar de falar contigo”. Vão reforçar o quanto você é sensacional, o quanto merece um cara incrível e que você não deve procurar. “Tarde demais. Mandei uma mensagem de madrugada. E agora?”.

Bom, agora é esperar. De novo. Como sempre. Afinal, é uma droga assumir, mas quem sempre deu as cartas foi ele, né?

Uma semana depois, o telefone irá tocar. É aquele-que-não-se-deve-falar-o-nome. Ligou pra te libertar. Dizer que tudo o que você pensava estava certo, que não gosta mesmo de ti, mas adoraria ser teu amigo, “se você não se importar”. Diplomático até para te dar um pé na bunda.

Óbvio que nessa hora você vai ter vontade de chorar, de fugir pra Júpiter, de perguntar o motivo – afinal, todo mundo te acha tão legal – de mandar catar coquinho na esquina e perguntar por que ele alimentou isso durante tanto tempo se, desde o início, sabia que, dali, nunca iria começar uma relação. Mas você engole o choro e diz que foi bom ele ter falado tudo isso, que agora você pode optar entre continuar ficando com ele sabendo que você e só mais uma – e se machucar, ou não ficar mais com o cara que você gosta – e se machucar também. Escolha difícil.

Você vai desligar o celular se questionando o que deu errado, o que poderia ter feito de diferente, o que faltou ou no que extrapolou a dose. Eu te respondo: nada. Você foi você mesma, transparente e corajosa. Falou o que pensava, procurou quando achou que estava errada, se propôs a consertar. Mais uma vez provou ser uma mulher de valor. Ele é que não consegue te enxergar.

Quer saber? Se fosse comigo, eu faria tudo igual. Só não insistiria depois disso. Caso encerrado. Ponto final.

5 comentários:

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  2. Caraca!!falou tudo, homens são assim mesmo!já passei por isso váras vezes e só agora aprendi.

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  3. Pior que é verdade, acabamos fantasiando demais e não percebemos os sinais de que somos um verdadeiro passatempo. O negócio é encarar a realidade e pular fora o quanto antes...
    Adorei o texto! Beijos

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  4. Nossa, parece até que o texto foi criado pra mim. Eu comecei a ler e tudo começou a se encaixar com a minha realidade. Então comecei a chorar e o próximo parágrafo foi: "Para quem ainda tem coragem de continuar lendo, aí vai outra facada" e passei a rir, que é um bom remédio nessas horas. Adorei o texto, mto bom msm!!

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